quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Parte 4

"Cravei as unhas nos seus pulsos. Mal aguento à mim mesma. Arrastei devagar. Se não fosse a morte eu faria o serviço aqui mesmo. Umideci os lábios e segui até a entrada da casa. O calor seca até a alma. Lá vinha falando alto Juán Pablo. Alto, cabelos grisalhos. Sempre bem vestido... E sujo. Mal de mexicano de estrada.
Remédios e gritos. Eu mal podia olhar sua cara de meio-dor-meio-desacordado. Agonia."

(sem data)



"Sentei-me na cadeira velha de madeira e fui cuidando de mim. Logo Juán veio e finalizou o serviço. Levantei e joguei algum dinheiro na mesa. Servi-me do que achei necessário para seguir viagem. Isso era de praxe. Toda visita uma nova compra.
Entrada da casa, madeira que grita. Sentei nos degraus e pus-me a lavar as roupas manchadas das malas. Sabão de cinzas, escova de mão e tina mofada, conservava do pai.
Anoiteceu e ele acordou. Isso é bebida, não fraqueza. Ainda não percebeu que não é grave. Desta vez ele no banco traseiro. A garrafa de rum ocupa seu lugar na frente de forma digna. Tudo e nada. Minha saudade. Deixei algo que deveria estar aqui, pois é daqui que veio. Volte."

(sem data)